Atendimento Psicológico

TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL

Portadores de lábio leporino acompanhado ou não da fenda palatina e a influência dessa condição em sua personalidade

O lábio leporino com ou sem fenda palatina é uma má-formação congênita que ocorre no período de desenvolvimento do embrião, entre a quinta e a oitava semana de gravidez. É uma condição que acontece pelo não fechamento das estruturas do embrião que irão formar o lábio superior e a boca, e é decorrente de herança multifatorial.

 

O lábio leporino pode dar-se por fendas parciais ou completas no lábio superior, unilateralmente ou bilateralmente e pode afetar ou não a gengiva. Já a fenda palatina é quando sucede a abertura do palato que pode se estender até o assoalho do nariz.

 

Cátia Sueli Fernandes Primon (2016) diz que a incidência de lábio leporino não ligado a síndromes, associado ou não à fenda palatina está em torno de 1 ocorrência a cada 1000 crianças nascidas vivas, e é mais frequentes entre os meninos do que as meninas, atingindo duas vezes mais os homens do que mulheres. (Cátia, pág.171, 2016)

 

No caso do lábio leporino e a fenda palatina, estes não são vistos apenas como problemas estéticos, mas vão muito além disso. Podem ser observadas a ocorrência de inúmeros problemas, desde a dificuldade de amamentação do bebê até a ocorrência de distúrbios respiratórios, da audição, da fala, infecções bucais, respiratórias e auditivas crônicas, além de alterações na dentição. E não são só os fatores biológicos, mas também devemos nos lembrar dos fatores psicossociais que influenciam na vida do indivíduo portador dessa condição.

 

O tratamento é consideravelmente complexo e longo, compreende desde o nascimento até a idade adulta, de acordo com a gravidade do caso. Para que haja um tratamento completo e eficaz é necessário que ocorra a intervenção de uma equipe multidisciplinar experiente. Este tratamento consiste basicamente no fechamento do lábio aos três meses de idade, do palato com 1 ano de idade, o enxerto ósseo alveolar dos 7 aos 9 anos, cirurgia ortognática entre os 13 e 15 anos e a rinoplastia secundária para correção de deformidade residual como fase final do tratamento físico.

 

A influência dessa condição em na personalidade do portador

 

A falta de tratamento multidisciplinar poderá resultar em sequelas irreversíveis que comprometem o funcionamento e a harmonia estética da face, o que pode levar a sequelas psicológicas e cognitivas. Tais sequelas marcam a vida do sujeito, afeta sua autoimagem, seu bem-estar, influencia em sua interação com o meio social e altera sua qualidade de vida. Este indivíduo torna-se vítima de discriminação e com isso, é levado a isolar-se socialmente.

 

Estudos revisados apontaram uma larga associação entre a malformação e o ajuste psicossocial, visto que sujeitos portadores dessa condição exibem níveis desfavoráveis de depressão, fobia social, ansiedade, autoestima e qualidade de vida em relação a indivíduos normais. Neste sentido, a aparência facial influencia nos ambientes sociais e interfere na sociabilização, no desempenho educacional e no desenvolvimento da personalidade do sujeito. Exemplo disso é a voz anasalada que faz com que a criança tenha receio de se comunicar e isso gera dificuldades nas relações sociais. Quando a criança ingressa na vida escolar, é um momento em que ela sai do conforto de convívio com a família e irá para um meio desconhecido no qual ela será alvo de curiosidade e julgamentos ao enfrentar novos relacionamentos. Tudo isso contribui para que o comportamento da mesma seja afetado, ou seja, a partir disso o sujeito pode tornar-se retraído, triste, depressivo, ansioso e agressivo, influenciando em seu desempenho socioemocional.

 

Segundo Murray et al.(2010) apud Silva e Rolim (2014)…pesquisas têm apontado para uma diminuição da competência social de crianças com fissura labiopalatina, que se caracteriza pelo menor número de amigos, menos contatos sociais e pior qualidade de interações sociais, bem como, problemas comportamentais.

Por tudo isso é necessário que haja apoio psicológico ao longo do desenvolvimento da criança, no processo de reabilitação, fazendo-se necessária a compreensão das necessidades da criança e da família neste processo de sentir e vivenciar a condição da malformação craniofacial.

 

Referências bibliográficas:

 

AMARAL, Cassio Eduardo Raposo; KUCZYNSKI, Evelyn; ALONSO, Nivaldo. Qualidade de vida de crianças com fissura labiopalatina: análise crítica dos instrumentos de mensuração. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica.Rev. Bras. Cir. Plást. vol.26 no.4 São Paulo out./nov./dez. 2011. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-51752011000400017&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 28 de abril de 2017.

BASTOS, Paulo Roberto Haidamus de Oliveira; GARDENAL, Mirela; BOGO, Danielle. Arq.Int.Otorrinolaringol. /Intl. Arch. Otorhinolaryygol.,São Paulo, v.12,n.2,p.280-288,2008. O Ajustamento Social dos Portadores de anomlias Craniofaciais e a Práxis Humanista. Disponível em:<http://www.academia.edu/26660712/O_Ajustamento_Social_dos_Portadores_de_Anomalias_Craniofaciais_e_a_Pr%C3%A1xis_Humanista_The_Social_Adjustment_of_Bearers_of_Craniofacial_Abnormalities_and_the_Humanist_Praxis>. Acesso em: 30 de abril de 2017.

SILVA, Francislaine; RODRIGUES, Maria Piazentin Rolim. Avaliação do repertório de habilidades sociais em crianças com fissura labiopalatina. Aletheia no.45 Canoas dez. 2014. Disponível em:< http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942014000200003&lng=pt&nrm=iso>. Acessado em 29 de Abril de 2017.

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